Foi intempestiva a viagem de Michel Temer à Rússia, carregando consigo 8 ministros do PMDB. Isto parece conspiração da boa, aberta e sem rodeios.
Parece mesmo a viagem de Fernando Collor à China, antes de sua posse, quando teve o famoso jantar do pato laqueado em Pequim, ante o qual fatiou o poder com alguns de seus futuros ministros.
Temer só não levou a Moscou a ministra Kátia Abreu, que, solidária com Dilma – alás, foi a única do ministério a entender que a presidente da República é ela, Dilma – e permaneceu em Brasília a seu lado.
Diga-se de passagem que a opção de não viajar foi de Kátia Abreu foi dela. Dilma não lhe pediu para ficar em Brasília. Sabia que seria produtivo que sua ministra fosse a Moscou, pois a Rússia é o principal parceiro brasileiro na importação da carne brasileira.
Kátia não quis engrossar o grupo de Temer e ministros do PMDB que passam a mensagem de que existe um grupo coeso e firme no partido, aguardando a hora de obedecer a um novo presidente da República, caso o impeachment seja aprovado pela Câmara dos Deputados.
Esse agrupamento já se articula com outros partidos como o PSDB – para montar uma base de sustentação um eventual governo Temer. Um quadro de ponta tucano, o senador José Serra, é apontado como candidato a ministro da Fazenda.
É tão escancarada a sensação de mando absoluto do PMDB que os jornais revelam conjecturas entre dirigentes no sentido de que o partido não deve indicar ninguém para o Ministério dos Transportes – hoje nas mãos do PR – mesmo reforçado com as Secretarias dos Portos e da Aviação Civil, pois a pasta estará desfalcada de musculatura orçamentária com o corte de verbas do PAC.
É o que se chama síndrome das alturas do PMDB.