A possibilidade de viagem no tempo – o conceito de movimento entre certos pontos no tempo – há muito cativa as mentes de cientistas e escritores de ficção científica. As teorias científicas sobre viagens no tempo são abundantes, intercaladas com termos como buracos de minhoca, buracos negros e distorção do espaço-tempo.
“Nós transformamos a ficção científica em realidade”, anunciou uma colaboração de cientistas, alegando ter descoberto um truque para acelerar o tempo.
“É possível “ acelerar, desacelerar e inverter o fluxo do tempo dentro de sistemas quânticos arbitrários, até mesmo descontrolados”, dizem os pesquisadores espanhóis Miguel Navascués e David Trillo, do Instituto de Óptica Quântica e Informação Quântica (IQOQI) da Academia Austríaca de Ciências ( ÖAW), junto com o pesquisador austríaco Philip Walther e o grupo de física experimental da Universidade de Viena.
Os cientistas revelaram em uma série de artigos publicados em servidores de pré-impressão que as partículas quânticas – a menor partícula física que pode existir sem ser quebrada – podem ser rejuvenescidas ou revertidas a um estado anterior.
“Em um teatro, [física clássica], um filme é projetado do começo ao fim, independente do que o público queira. Mas em casa [o mundo quântico], temos um controle remoto para manipular o filme. Podemos retroceder a uma cena anterior ou saltar várias cenas adiante”, foi a analogia que Miguel Navascués utilizou para explicar a descoberta.
Desenvolvido por cientistas da Academia Austríaca de Ciências, um “protocolo de retrocesso” permite que qualquer partícula, como um elétron ou próton, reverta para diferentes estados quânticos de diferentes pontos no tempo.
David Trillo provou isso, tanto em teoria quanto experimentalmente, usando um fóton que evolui ao passar por um cristal. Um dispositivo experimental de “interruptor quântico” foi usado para permitir que um fóton de luz voltasse ao seu estado anterior.
“Foi um dos experimentos mais difíceis que já construímos para um único fóton. O fascinante é que [as partículas] podem retornar a um estado que você não conhece”, disse Philip Walther à mídia espanhola.
“Apresentamos um mecanismo universal que, quando atua em qualquer qubit, o propaga para o estado em que estava antes do início do experimento… Respondemos à questão de saber se tais processos são permitidos pelas leis da mecânica quântica”, afirmaram os cientistas.
Eles apontaram que, diferentemente dos protocolos descobertos anteriormente, que ofereciam um certo “nível de probabilidade”, o novo mecanismo pode ser considerado sempre bem-sucedido, a menos que o dispositivo experimental seja totalmente “invisível” para o qubit – a unidade básica de informação quântica em dados quânticos.
Quanto à possibilidade de replicar esse experimento com um humano, a equipe explicou que seria praticamente impossível.
“Se pudéssemos trancar uma pessoa em uma caixa com zero influências externas, isso seria teoricamente possível. Mas com nossos protocolos disponíveis atualmente, a probabilidade de sucesso seria muito, muito baixa. Além disso, o tempo necessário para concluir o processo depende de a quantidade de informação que o sistema pode armazenar. Um ser humano é um sistema físico que contém uma enorme quantidade de informação. Levaria milhões de anos para rejuvenescer uma pessoa em menos de um segundo, então não faz sentido.”
A descoberta não é uma máquina do tempo, enfatizaram os cientistas. “Se você quiser reverter uma partícula capaz de armazenar um bit de informação ao seu estado de cinco minutos atrás, esse é o tempo necessário para concluir o processo”, disse Miguel Navascués.
Essa descoberta, segundo um dos pesquisadores, Philip Walther, tem implicações práticas, pois ele disse que poderia ter “aplicações tecnológicas”, como um “protocolo de retrocesso em processadores quânticos usado para reverter erros ou desenvolvimentos indesejados”.