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Vício em internet vira vírus e vai criando mortos-vivos

Nair Assad, Edição

A Internet tornou-se uma ferramenta profissional e pessoal indispensável nos dias de hoje. Aplicativos proliferam a cada dia e no mesmo ritmo cresce o número de pessoas que fazem uso de internet no Brasil. De acordo com dados de 2015 da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, 76% das pessoas acessam a internet todos os dias no país.

Pesquisas e especialistas alertam, porém, que o uso pessoal excessivo de internet vem trazendo sérios prejuízos a empresas e profissionais em todo mundo, desde a caracterização por vício a doenças como insônia e depressão.

De acordo com enquete realizada com os usuários do portal de empregos jobatus.com.br , 8 a cada 10 profissionais fazem uso pessoal de redes sociais no horário de trabalho. Segundo estudo do Instituto de Tecnologia Política de Washington, nos Estados Unidos, esse uso pode reduzir em 25% a produtividade no trabalho.

Distração do zap – Segundo a enquete, que contou com a participação de 5.895 profissionais cadastrados no portal jobatus.com.br, 87% dos usuários afirmaram fazer uso de alguma rede social no horário de trabalho.

De um modo geral, o WhatsApp é o que mais impacta a produtividade dos profissionais brasileiros, 79% afirmaram utilizar o aplicativo de mensagens com fins pessoais enquanto trabalham. No caso das demais redes sociais, o Facebook é o segundo mais utilizado, 68,7%. Em seguida vem o Instagram (34%), Twitter (33%) e o Linkedin (28%).

“Sem dúvidas, apesar do uso também profissional, o whatsapp é o grande vilão. As pessoas não conseguem se desconectar um minuto sequer seja por seu caráter instantâneo ou pelo baixo custo. A questão que fica para as empresas é como lidar com essa situação. Acredito que conscientizar é melhor que proibir. Criar políticas e regras claras de utilização tanto para tempo quanto para conteúdo é muito importante para as empresas, que pode e deve utilizar esses recursos a seu favor, opina Willcker Braga, da Jobatus Brasil.

Álcool e drogas – Em geral, psicólogos e profissionais de Recursos Humanos acreditam que a tecnologia incrementa a qualidade de vida, melhora algumas práticas e aumenta a eficiência. No entanto, alertam que esses benefícios devem ser vistos como uma verdade parcial, já que seu alto nível de intrusão pode gerar sérios efeitos negativos, tanto na vida pessoal quanto profissional.

Segundo a psicóloga e analista do comportamento, Michelle Verneque, estudos apontam que a dependência tecnológica tem as mesmas características diagnosticadas em pessoas que usam substâncias psicoativas como o álcool e outras drogas.

“Quando comparados cérebros de pessoas viciadas em tecnologia e pessoas saudáveis observa-se, no cérebro das pessoas viciadas em tecnologia, dano cerebral na região que envolve o processamento das emoções, atenção, tomada de decisões e controle cognitivo”, explica Verneque.

Além do vício, a analista de comportamento alerta que o uso inconsequente das novas tecnologias pode também ocasionar doenças graves, como depressão e insônia. No ambiente profissional esse uso excessivo impacta seriamente a produtividade do funcionário, o que pode resultar até mesmo em sua demissão.

“De acordo com o artigo 482 da CLT é permitida a dispensa por justa causa do funcionário que teve comportamento considerado como falta de confiança, insubordinação, mau procedimento, como por exemplo, uso inadequado das ferramentas corporativas, o que inclui suas tecnologias”, explica Verneque.

Ela adverte ainda que, além de prejudicar o rendimento, o mau uso da tecnologia pode impactar negativamente a imagem do profissional “o funcionário que utiliza em excesso passa a ser visto como improdutivo e irresponsável e pode passar uma imagem de que seu emprego não é visto como algo importante, pois demonstra pouca dedicação”, observa Michele Verneque.

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