São tristes as janelas das casas
que passam pelas janelas
do ônibus
(em movimento).
Uma sôfrega luz amarelada
convive com o azul
sonolento da TV.
Solitárias e doloridas
pessoas com olhares distantes
enfeitam a sala
ao lado de jarros
de flores empoeiradas e artificiais.
Tudo é tão rápido,
tudo é tão vago,
tudo é o porão das almas
trancadas.
E o ônibus vai
e as vidas vão ficando
para as próximas janelas
dos ônibus que vêm.
(*Este poema encontra-se no livro Serurbano, Ed. Pluri, 2021)