Ao relembrar a história da sua vida o que vem primeiro a sua memória? Essa pergunta pode ser um canal para relembrar muitas coisas boas que com o tempo caíram no esquecimento, pode até ser que estejam dentro de um baú cheio de pó e teias de aranha, invisíveis frente a tantos outros acontecimentos, mas estão vivas, somente esquecidas.
Temos uma tendência muito forte de registrar os fatos ruins ao invés dos bons, isso em função de toda química envolvida nos acontecimentos considerados traumáticos. As telenovelas e as músicas de amor são exemplos de como a vida acaba girando em torno das traições, das dores e perdas, dramas reais que fazem parte de nosso cotidiano.
Mas tem muitas pessoas que ao ouvirem a mesma pergunta se abrem em um sorriso, começam a rir de suas próprias lembranças, não que não tenham sido expostos a fatos ruins e as vezes até trágicos, mas de alguma forma aceitaram os convites da vida com mais leveza, ou até mesmo tiveram a chance de receberem mais apoio. Na verdade, não é possível compreendermos as trajetórias de vida de uma pessoa sem nos sentarmos com o coração bem aberto para ouvi-la.
O fato é que algo acontece, uma luz se acende dentro do peito e conseguimos seguir em frente mesmo em meio a tantos desafios. Entender os porquês da vida é algo impossível, cada um se agarra a um caminho que faz sentido para si mesmo e coloca o carro para andar. Outros ainda querem fazer com que você siga os mesmos passos, precisam de apoio para se manterem na crença do qual escolheram acreditar. O fato é que não existe certo e errado, existe o que faz sentido para você.
Entre tantos desafios vamos engolindo alguns que não fazem sentido algum quando pensamos racionalmente, mas somos obrigados a aceitar sem nenhuma chance de negociar. Não fomos ensinados a lidar com as perdas, tem pessoas que nunca receberam orientações ou abraços em momentos desafiadores, e agora temos que obrigatoriamente revisitar todas as nossas memórias, nossos medos, nossas dores e o nosso passado, para podermos verificar quais ferramentas temos internamente para vivermos o momento presente.
Passamos por diversos lutos desde que nascemos, perdemos o colo materno, aprendemos a caminhar sozinhos, passamos pelo primeiro dia de aula sem os pais, caímos da bicicleta, perdemos um animalzinho de estimação, pessoas das quais amamos vão embora desse mundo, e algumas partem de nossa vida de outras formas. Vamos seguindo e vivemos o luto do corpo infantil, entramos na adolescência, na vida adulta, amamos, sofremos, perdemos e seguimos em frente.
Estamos na escola da vida, cada minuto é computado em nosso histórico escolar, nos ralamos muito a cada queda, enxugamos as lágrimas e levantamos. Toda bagagem acumulada nos geram recursos internos para passarmos por novos desafios, mas muitas vezes sentimos que faltam ferramentas, então nos sentiremos apertados.
É preciso voltar a nossa atenção ao que somos, vamos respirando, lembrando de como conseguimos passar por tantos obstáculos, trazendo a memória os presentes que a vida nos deu. A gratidão é uma poderosa ferramenta, quando reconhecemos dentro de nós essa capacidade de nos sentirmos realmente agradecidos pela vida, automaticamente nos sentimos amparados e energizados.
Como eu escrevi em algum momento desse texto, cada um tem uma história, desta forma os desafios podem ser iguais em algum sentido, porém infinitamente diferentes, pois os experimentamos de uma forma muito particular. Meu objetivo não é fechar um tema até porque não tem como fazer isso, mas abrir para uma reflexão interna, talvez esse texto possa te auxiliar a passar pelos desafios da vida e se de alguma forma ajudar a diminuir a fricção interna e externa pela qual está passando, então já terá valido muito a intenção.