Fiquei impressionada como a violência à mulher está chegando a patamares alarmantes. Não que isso não acontecesse antes, talvez esses números sempre tenham sido altos e só não aparecessem na mídia. Mas isso me fez pensar porque alguns homens ainda vêm suas esposas, namoradas e até amigas como propriedades deles.
Claro que estamos falando de homens doentes. Isso nos parece óbvio. Mas não é óbvio quando se está doente, quando se pensa que machucar, estuprar ou matar uma mulher é uma coisa normal. Não é! Não será nunca. A violência contra a mulher é antiga, tão antiga quanto à existência humana.
Ou vai me dizer que você acha normal um homem dar com um tacape na cabeça de uma mulher e levá-la para a caverna carregada pelos cabelos? O mais interessante é como é antiga, mas como ainda é forte. E o pior: não existe este machismo só da parte dos homens, aliás, é maior ainda na parte das mulheres.
As mulheres são criadas para gerar filhos e cuidar de suas casas e seus maridos. Sim, temos um forte componente genético já que temos o instinto de cuidar. Não interessa o que é, gostamos de cuidar. Cuidamos de plantas, de animais, de crianças. E de homens, sim, porque não? Até aí, nenhum problema. O problema se instala quando pensamos que não temos valor algum se não estivermos fazendo isso.
Um caso marcante se deu no Big Brother Brasil, quando muitas mulheres se sentiram inconformadas ao verem uma das participantes, Maria, se ajoelhar (literalmente) aos pés do namorado da casa pedindo perdão por uma coisa que ela nem ao menos fez. Sim, que ela teve muita vontade de fazer (no caso, ficar com outro participante do jogo quando o namorado em questão foi eliminado), mas que não sucumbiu. Pois bem, ela acreditou de fato que errou. E pediu tanto perdão que chegou a ser engraçado. Ela seguia o rapaz pela casa, até no banheiro, querendo justificar que o amava. Mas ele, irredutível, não se entregou. No fim das contas, ela continua apaixonada e ele ignora isso.
É fácil apontar o dedo pra moça e dizer “ah, se valoriza, para de correr atrás do cara, ele não te merece.” Lindo! Mas e nós aqui, eu aqui, você aí, tem certeza de que nunca fez isso na vida? Nunca perdoou algo que julgava imperdoável, nunca ligou quando jurou nunca mais falar com o cara, nunca implorou (e existem várias formas de implorar) para um homem que você amava ficar com você? Mesmo que isso significasse mais dor do que amor? Pois é, todas fazemos, fizemos ou faremos isso um dia. Isso porque somos ensinadas que de, se uma relação dá errado, nós é que somos culpadas. Se um homem se apaixonou pela gente é porque a gente deu mole para ele e há casos até de estupro, onde a mulher é acusada de ter se feito de fácil, de ter dado a entender que queria.
E aí se acumulam os casos de moças jovens e desaparecidas. Acumulam os consultórios psiquiátricos e psicológicos de mulheres infelizes no amor, na relação à dois. De mulheres que pensam não ter valor algum se não tem alguém, um homem ao seu lado e que, de fato, são condenadas diariamente pelas amigas, pelas mães, pelos parentes.
É tempo de pensar melhor sobre isso. Se você tem um filho homem, que tipo de educação está dando pra ele? Está dizendo coisas como “meu filho, pode namorar quem você quiser, pode trair porque você é homem.” Está deixando se usar por homens que não te merecem, colocando a sua autoestima como um prêmio? Está se acabando e se endividando na academia e no centro estético por achar que você nunca é boa o suficiente para um homem?
Pois é, precisamos repensar o nosso papel. Não é porque nos deram empregos e o direito ao voto que a coisa toda está solucionada e pronta. Somos pessoas, seres humanos e estamos vendo outras mulheres em pleno sofrimento e dor por conta de relacionamentos doentios da parte dos parceiros, mas principalmente, por parte delas mesmas. Estar só não faz de você um lixo. Sim, a máxima “antes só do que mal acompanhada” é a mais pura das verdades. Não, você não é carente, nem maluca, nem precisa de nada a não ser de você mesma para ser feliz.
Amar, ter um parceiro legal é ótimo. E todos temos o direito de procurar por isso. Mas nunca, sob nenhuma hipótese, devemos colocar os nossos valores, a nossa autoestima nas mãos de ninguém. Porque a nossa vida, a nossa experiência é o que mostra o nosso valor e não a aliança que carregamos ou não no dedo.