A publicidade do Governo do Distrito Federal perdeu o resto do pudor que tinha ao promover anúncio na edição desta quarta-feira 26 do jornal Correio Braziliense, em sua página 3, com a manchete: “Sabe como este governo tirou Brasília da relação das 50 cidades mais perigosas do mundo?”
O anúncio responde a própria pergunta com a expressão: “Assim”, e cita abaixo os investimentos decorrentes da realização da Copa do Mundo e que foram feitos em todas as cidades sede.
Pior, o marqueteiro se esqueceu da dor das famílias das mais de 100 pessoas assassinadas só em 2014, quando tivemos um janeiro de guerra no DF, com destaque para a morte de um um oficial reformado da aeronáutica no Plano Piloto, nas vésperas do casamento da filha e de um rapaz em Águas Claras na porta do prédio onde morava.
Já na terça 25 um outro rapaz foi morto em Taguatinga com um tiro na cabeça por dois rapazes, também na porta de casa, com a frieza dos que enxergam na morte uma banalidade, cegueira que vem atacando também os responsáveis pela propaganda oficial.
É certo que até julho nós vamos enfrentar um tsunami de propaganda oficial, nas tvs, rádios, jornais, sites e blogs, uma vez que a propaganda oficial só é proibida, pela lei eleitoral, até três meses antes das eleições, tentando enaltecer os poucos feitos do governo, muitas vezes distante daquilo que o povo vivencia no seu dia a dia, sem falar na crise com a Polícia Militar, até hoje mal resolvida.
Mas daí a ter a desfaçatez de afirmar que Brasília deixou de ser perigosa é debochar da cara das pessoas, em especial daquelas que perderam seus familiares ou foram vítimas de roubos, assaltos e sequestros nos últimos anos, e não são poucas.
Alguém precisa alertar o governador que este tipo de anúncio é um tapa na cara do cidadão, já violentado com a insegurança pública. Parece até que os marqueteiros perderam o pudor.