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Os supersticiosos

Virar torcedor do Botafogo é coisa para insanos

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Autor/Imagem:
Eduardo Rodríguez - Foto Vítor Silva

Não há dúvida de que o Botafogo nasceu bem antes da tal lei de Murphy, que diz que “Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Essa lei nada mais é do que uma livre interpretação da máxima “Tem coisas que só acontecem ao Botafogo”.

Além dessa aura trágica, o Glorioso é tão cercado de acontecimentos sobrenaturais, que é possível afirmar que não há no universo supersticioso mais convicto que o botafoguense. É como se a Bahia inteira estivesse concentrada na icônica sede de General Severiano. Haja mandinga!!! Também, o que esperar de um time que possui três datas de aniversário? Isso é pra deixar qualquer astrólogo maluco tentando desvendar o mapa astral desse clube.

Há os que dizem que Jesus, apesar de não ter sido o primeiro torcedor, com certeza era botafoguense. Do contrário, não teria tanta convicção de que Lázaro, um dia, pudesse se levantar. Isso é facilmente constatado quando se vê algum torcedor de outro time reclamando da falta de títulos por um ou dois anos, e o cara já fica pensando em torcer pro Real Madrid. Já o botafoguense esbraveja, chora, dá chilique, mas tá ali, mesmo que emburrado, de rabicho de olho na Estrela Solitária.

Além do mais, quem torce pelo Botafogo é bem-humorado, como já foi constatado inúmeras vezes. No entanto, vou destacar uma, que é a de quando o Dé estava no comando do time em uma partida sofrível no Maracanã, que, de tão vazio, uma agulha poderia ser ouvida ao cair sobre um chumaço de algodão. Então, um quase solitário torcedor gritou: “Dé, a próxima é minha!”

Além disso, não há torcedor cardíaco do Botafogo. Se houvesse essa esdrúxula possibilidade, ele não resistiria a cinco minutos de uma partida. Aliado a esse coração resistente a intempéries, nós valorizamos cada minuto de glória, que sabemos ser bem passageira. No entanto, assim como milhões de pessoas, meu pai, que era Vasco, nunca entendeu essa minha paixão pelo Alvinegro carioca. Tanto é que ele sempre questionou essa minha paixão:

– Edu, por você não virou vascaíno?

– Papai, não tente entender o que é a insanidade de torcer pro Botafogo.

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