Maryna Lacerda
O Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) tem mais um canal de comunicação para receber solicitações de resgate de animais silvestres e denúncias de crimes ecológicos. Além da central 190, a população também pode pedir a visita de equipes por meio do (61) 99351-5736.
O batalhão é ligado à Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e o número opcional está cadastrado em aplicativo de mensagens instantâneas. A expectativa é facilitar o contato com as equipes de policiamento ambiental e, dessa forma, garantir a integridade física do animal e evitar ataques.
A demanda para atendimentos da Polícia Militar Ambiental é alta. Por dia, são cerca de 10 animais resgatados, em todo o DF. Desse total, dois costumam ser serpentes, como jiboias, cascavéis e jararacas. “É perigoso o cidadão comum tentar resgatar o animal, que pode se assustar ou se estressar e atacar quem estiver na frente”, ressalta o comandante do BPMA, o major José Gabriel de Souza Júnior.
Em outras situações, sob tensão, o bicho pode morrer. “Nosso trabalho é preservar a vida das pessoas e do animal”, afirma o major.
Há casos em que é importante deixar o animal se acalmar para iniciar o trabalho. Em outras situações, no entanto, somente após ele se cansar os militares têm condições de se aproximar para a captura. “As equipes são especializadas e sabem identificar qual a melhor maneira de agir. Temos profissionais da área, como veterinários, biólogos e químicos no batalhão”, explica o comandante.
A primeira providência é deixar o bicho onde ele está. “O animal silvestre sabe se virar. Mesmo quando o passarinho cai do ninho, por exemplo. Em algumas espécies, a mãe continua a alimentá-lo e tirá-lo de lá é interromper um ciclo”, explica a agente Marina Motta de Carvalho, da Coordenação de Fauna do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
Se o animal estiver em casa, a recomendação é isolá-lo no ambiente em que ele foi encontrado. Crianças, cães e gatos devem ser afastados, uma vez que a curiosidade pode levá-los a encurralar o bicho.
Ao chegar ao local, a equipe militar avalia a situação e decide a melhor abordagem para o resgate. Podem ser usados equipamentos como pinça, cambão, rede ou pulsar, a depender do porte do animal.
Se a espécie nativa estiver próxima ou prestes a atravessar uma via ou estrada, o ideal é deixá-la completar o trajeto. “O animal que cruza a via procura um refúgio preservado”, explica Marina.
Segundo ela, não se deve interromper essa busca “para garantir que ele chegue a uma faixa de vegetação conservada.” Além disso, é fundamental desacelerar o veículo para não assustar o bicho.
O acúmulo de lixo orgânico é um dos atrativos para roedores, que fazem parte da cadeia alimentar das serpentes. “Ao eliminar o lixo, elimina-se o alimento das serpentes e elas não terão o que fazer na área”, orienta o comandante do batalhão.
Uma vez resgatados, os bichos são soltos na área de preservação mais próxima, se estiverem em bom estado de saúde. Caso estejam feridos, eles são levados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Lá, eles são atendidos e recebem tratamento de acordo com o tipo de ferimento. Uma vez recuperados, são reintroduzidos no ambiente natural.
A aparição de espécies silvestres em residências ou comércios se deve à aproximação da malha urbana das áreas de preservação. “A ocupação desordenada das cidades é o principal motivo para o problema”, diz a agente Marina.
O ser humano, segundo ela, está invadindo muito o espaço natural. “Assim, reduz-se a área de forrageio — perímetro de atividade do animal, onde ele busca comida e se reproduz — e a oferta de alimento”, explica.