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Viúva do ‘mito’, Zema dá abraço de urso ao atacar os nordestinos

Viúva de véu e grinalda do ex-presidente da República, o imbrochável Jair Messias, o “estrategista” governador mineiro, Romeu Zema, anda apoquentado com seu futuro político. Por conta da repercussão pra lá de negativa, o último estrataZema anunciado pelo tal Judas das alterosas parece ter ido direto para as calendas, também conhecidas por cucuias ou a ponte que já caiu. E o que ele quer? Apenas criar uma frente dos governos do Sul e Sudeste para ter “protagonismo político” sobre os demais políticos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Pouca coisa para um governante que, após a “morte” do parceiro de todas as horas, realmente perdeu o caminho do palco, onde se achava a vedete da trupe.

Longe do foco e mais personagem do que realidade, Zema tenta teatralizar um papel para o qual nunca foi convidado. Ator e político de pouca categoria, o governador é visto hoje com ressalvas pela população das Minas e, ao que tudo indica, sem qualquer apreço pelo povo das Gerais. Em outras palavras, ele precisa ampliar belos horizontes para, quem sabe, buscar novos contatos de segundo e terceiro graus. Nada fácil para um mandatário que, em pouco mais de seis meses, esqueceu que foram os eleitores do Norte e do Nordeste os responsáveis pela vitória de Luiz Inácio contra o estagiário de tirano e aprendiz de feiticeiro.

Em um estado onde o ouro é preto, branco, verde ou fino, o mar é da Espanha, os montes são claros, azul, belo, alegre e até o juiz é de fora, Romeu Zema se encaixa perfeitamente em uma das mais célebres reflexões do Marquês de Maricá: “Unir para desunir, fazer para desfazer, edificar para demolir, viver para morrer, eis aqui a sorte e condição da natureza humana”. Diria mais. Ele é o protótipo do homem que subiu muito mais em função de seus gases do que do talento ou da beneficência. Como diriam os pensadores, protagonismo é aproveitar as oportunidades que nos são oferecidas para demonstrar as potencialidades em nós existentes.

Portanto, sem o necessário pedigree, o protagonismo caboclo desejado por Zema é anarquia, sobretudo se considerarmos que os governadores que ele deseja liderar são adeptos ou simpatizantes do radicalismo bolsonarista. Meu caro MaiZema, de anarquia já basta o que vivemos até dezembro passado. Com suas ideias dignas de análise psiquiátrica, o governador está mais para Hamlet, personagem icônico criado por William Shakespeare. Ao entrar no palco para a primeira cena do terceiro ato do monólogo homônimo, o personagem pronuncia a frase “Ser ou não ser, eis a questão”. Por mais que a pergunta pareça complexa, na verdade ela é muito simples, principalmente autoexplicativa.

Ser ou não ser é exatamente existir ou não existir e, em última instância, viver ou morrer. Resumindo a peça, é sinônimo de enfatizar a tensão entre a conveniência de si e a angústia humana. Na prática, Hamlet é o Zema das Minas e das Gerais, isto é, o fantasma das desilusões e da descrença que acompanham a vida dos seres supostamente racionais. Como ser protagonista é uma mistura de quereres e saberes, o moço, que, de longe e de perto, lembra uma caixinha amarelada de Maizena, é um sonhador disfarçado que faz de sua apoplética proposta um desejo reprimido. Em nome do povo que vossa insolência quer ver de longe, sugiro que, antes de tentar mover o continente chamado Brasil, mova a si mesmo. Estude o que dizer para não repetir as marmotas de seu amantíssimo mestre, que, desde a campanha, prometeu o que não podia cumprir.

Para quem não imagina o que está plantando, seria interessante ser informado do que poderá colher. Então, que o viúvo predileto do seu Jair não esqueça de que o “deus” está morto, inelegível e sepultado politicamente. Daí, a urgente necessidade de lembrar que existem apenas dois erros no caminho para o sucesso: não começar e não chegar ao fim. O governador com cara de padre de comarca sem beatos cometeu os dois no mesmo ato. Restam-lhe quatro penitências: se divertir no mar lindo e azulado do Nordeste, comer o vatapá e munguzá baiano, sonhar com os camarões do Maranhão e se inspirar no maravilhoso verde do Norte brasileiro. No fim das contas, Zema surtou alto, apanhou feito galo velho na rinha, nadou nas Gerais e morreu nas praias nordestinas. Como Hamlet já está batido, também sobrou um papel novo no folhetim da República: o de bobo da corte.

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