Putz!
Voltando às velhas mulheres… são para o que der e para quem vier

Que bom que certos verbos permitem deliciosos jogos de duplo sentido!
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Putz!
Em meu conto Diretas Já, veiculado urbi et orbi no Notibras, observo na conclusão: “mulheres que gostam do fuzuê não têm idade. Que os deuses as conservem!”
O conto foi escrito em 2021 e publicado em dezembro de 2024. Hoje eu modificaria a frase, acrescentando mais elementos: “mulheres que gostam do fuzuê não têm idade. Que os deuses as conservem, sempre gostosas e dadivosas!”
Trata-se de uma explicitação motivada por um banho de realidade. É que Diretas Já foi inspirado por um episódio verídico, mas a protagonista, dona Matilde, e a conclusão nasceram da imaginação deste escriba. Ontem, porém, recebi um presente que me fez visualizar as mulheres sem idade, que gostam do fuzuê. Ou pelo menos uma delas.
Uma amiga distante enviou-me três fotos, as duas primeiras coloridas e a terceira, preto e branco. Quase caí da cadeira, dona Matilde ganhava corpo, alma e gordurinhas. Vou tentar descrevê-las, embora o ideal, sei disso, fosse publicá-las juntamente com o texto.
A primeira foto, colorida, mostra uma bela mulher madura, com um largo sorriso. Tem os olhos quase cerrados, como se estivesse imaginando coisinhas gostosas e proibidas. O rosto inclina-se para o ombro direito, um pouco mais e materializaria Beijinho no ombro, clássico do funk tupiniquim, cometido por Valesca Popozuda.
Na segunda foto, igualmente, o rosto inclina-se para o decote, que exibe/oculta com discrição vastos seios; é mostrada, casualmente (?), deliberadamente (?), a alça de um sutiã negro. Mas a terceira, em preto e branco, é a foto inesquecível, que me fez tremer nas bases.
Os elementos da fotografia são necessariamente os mesmos, o rosto expressivo, o decote, os seios volumosos, a alça do sutiã. Mas é a única foto em que se vê uma das mãos da mulher; ela toca os cabelos com o polegar, os outros quatro dedos permanecem livres, como se a modelo tivesse acabado de lançar longe um chapéu ou uma fita de cabelo – e, no mesmo movimento, todas as amarras.
Não é a única mudança, o sorriso está mais aberto, os olhos praticamente fechados, em uma expressão de total abandono ao prazer, de entrega à travessura. Mencionei antes Beijinho no ombro, de Valesca Popozuda; cito agora Oops!…I did it again, canção de Britney Spears. Em uma tradução mais que livre, selvagem, seria algo como “Putz!…Pisei na bola de novo”. À semelhança da princesa do pop, minha amiga não mostra o mínimo arrependimento pela(s) pisada(s) de bola, tantas, em sua trajetória. Ela é assim, para ser amada ou odiada. De minha parte, faz tempinho que preferi amá-la, aceitá-la como uma força da natureza.
Para terminar, dois esclarecimentos e um conselho. Por que eu usaria, em uma versão atual do conto de 2021, os termos “gostosas” e “dadivosas”?
Vou contar tudo, apareceu um gênio, desses de lâmpada de Aladim, e me sugeriu/ordenou incorporar essas descrições prazerosas. Com gênio não se brinca, obedeci (um texto precisa, afinal, de um mínimo de ficção).
O segundo esclarecimento é sobre a diferença entre a personagem dona Matilde e sua materialização nas fotos de minha amiga. Descrevi a protagonista de Diretas já como uma viúva de uns 70 anos; a modelo das fotografias é um pouco mais rodada, no mínimo uma década.
O conselho vai para minha amiga, e também para todas as senhoras gostosas e dadivosas, que gostam do negocinho. E vai com uma última menção musical, dessa vez a uma composição do grupo Menudo (argh! pois é…): não se reprima(m), solte(m) a franga enquanto der! Esteja(m) sempre pronta(s) para o que der e vier e, em especial, para quem vier e der!
