Waimiri-Atroari se rebelam, defendem terra e ameaçam deixar Roraima no escuro
Publicado
emIgor Gadelha
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), afirmou nesta segunda-feira, 23, que o Estado corre o risco de sofrer novos apagões como os das últimas semanas. Segundo ela, Roraima passa por uma “situação emergencial preocupante” em relação ao abastecimento de energia elétrica, diante da diminuição do fornecimento pela Venezuela e das dificuldades para liberação da construção do Linhão de Tucuruí entre Manaus (AM) e Boa Vista (RO), que interligará o Estado ao Sistema Integrado Nacional (SIN).
Suely se reuniu na tarde desta segunda, 23, com a presidente Dilma Rousseff para pedir, entre outras demandas, apoio do Planalto para que a Fundação Nacional do Índio (Funai) dê a carta de anuência para construção da obra. Isso porque, dos cerca de 720 quilômetros do Linhão, 123 quilômetros deverão passar pela reserva dos índios da etnia Waimiri-Atroari.
Os indígenas não aceitam a obra e alegam que ela pode causar impactos ambientais, além pôr em risco a sobrevivência das comunidades. Eles pedem que a obra seja desviada da localidade. De acordo com a governadora, Dilma não se comprometeu com nada e não deu prazo para se pronunciar sobre o assunto. “Ela tem que se posicionar”, cobrou em entrevista coletiva após o encontro com Dilma. Suely afirmou que a situação em Roraima é emergencial, pois transmissão a energia que vinha da Venezuela foi reduzida, em razão da crise naquele país
Segundo ela, o fornecimento de energia do Estado atualmente tem vindo principalmente de quatro usinas térmicas, que têm capacidade de produzir até 130 megawatts. A construção do Linhão, contudo, é a medida mais a longo prazo. A governadora afirmou que, no curto prazo, a medida “mais rápida” seria a construção de uma nova usina termoelétrica, que deverá durar de quatro a seis meses. No médio prazo, ela afirmou que o Estado está negociando com um grupo coreano, cujo nome ela não soube informar, para construção de uma usina de energia eólica, que poderá gerar até 100 megawatts de energia. Atualmente, o Estado demanda 185 megawatts em média.
Escoamento produção – Outra pauta da reunião com Dilma foi um pedido para que o governo brasileiro negocie com a Venezuela uma autorização para que Roraima possa usar o porto de Cabello para escoar a produção principalmente soja do Estado. De acordo com a governadora, hoje, Roraima produz 25 mil hectares do grão.
“A presidente Dilma foi receptiva. Disse que iria fazer os estudos e anunciar em breve a solução”, afirmou Suely. O porto fica localizado no estado de Carabobo e possui uma base naval e uma grande refinaria. A governadora afirmou que espera que Dilma faça algum anúncio até o fim desta semana, quando a presidente prometeu que participaria da entrega de cerca de 3 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, em Roraima. Segundo Suely, Dilma se comprometeu em fazer uma “escala” no Estado na sexta-feira, 27, antes de viajar para a Conferência do Clima (COP 21) em Paris. De lá, a presidente irá para o Vietnã e Japão, onde fará visitas de Estado.