Autoridades de inteligência norte-americanas acusaram diretamente o governo russo de estar por trás de ataques cibernéticos recentes, que tinham como objetivo sabotar as eleições gerais nos Estados Unidos, ao vazar propositalmente e-mails do Comitê Nacional Democrata e outras entidades. O Kremlin, por sua vez, diz que as acusações não fazem sentido.
Em um comunicado conjunto, as agências de inteligência disseram que os ataques foram ordenados pela maioria dos altos funcionários do governo russo. “Baseados no escopo e na sensibilidade dessas esforços, nós acreditamos que apenas as autoridades mais poderosas podem ter autorizado essas atividades”.
Os americanos já culparam outros países por ataques cibernéticos no passado, como no caso da invasão dos computadores da Sony Pictures em 2014, que foi atribuída à Coreia do Norte. Mas não é comum que Washington acuse diretamente um país poderoso de tentar sabotar as eleições americanas.
“A Comunidade de Inteligência dos EUA está convicta de que o governo russo ordenou os recentes vazamentos de e-mails de pessoas e instituições americanas, incluindo organizações políticas”, disse o comunicado, acrescentando que “o vazamento de dados por três entidades – um hacker que se descreve como Guccifer 2.0, o website Dcleaks.com e a organização WikiLeaks – é consistente com os métodos e motivações da Rússia. “Esses roubos e vazamentos têm como intuito a interferência do processo de eleição dos EUA”.
As agências disseram que não há evidência concreta que ligue o governo russo aos ataques cibernéticos de vários sistemas eleitorais estaduais, mas essas investigações ainda estão em curso.
Na noite desta sexta-feira, o Kremlin disse que as acusações das autoridades americanas “mão fazem sentido”, de acordo com a agência de notícias Interfax. “Dezenas de milhares de hackers atacam o site do presidente Vladimir Putin todos os dias. Muitos ataques vêm dos território americano. Nem por isso culpamos a Casa Branca ou Langley todas as vezes”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.