Xandão está ensinando a Trump e Musk que na lei o buraco é mais embaixo

Rebaixado para a série B e próximo do grupo D da política brasileira, Jair Bolsonaro, antigamente conhecido por Tchutchuca do Centrão, resolveu dar números definitivos a seu desespero. Se aproveitando da janjada do Lula 3, ele recorreu a Donald Trump, o Papai Smurf, para minar as últimas resistências do quase ex-Txutxucão dos nordestinos e para acabar com a força capilar do Chapolin do Judiciário, informalmente chamado pelo pomposo apelido de xerife Xandão. Para isso, ambos foram buscar apoio X, Y e Z do Gargamel das redes sociais, o dono da linha de naves urbanas que ligam a Terra ao icônico planeta vermelho, o quarto astro do Sistema Solar.

O borbulhar de ódio contra Xandão é decorrente da recusa do xerifão em participar da nova viagem que Gargamel está planejando para Marte, em companhia de Papai Smurf e de Tchutchuca. Mais do que declinar de tão esdrúxulo convite, o homem cujo cabelo nasce de cabeça para baixo também multou novamente a plataforma X, de propriedade do milionário Gargamel, por descumprimento de ordem judicial. A ordem da patética trinca é, ao mesmo tempo, tentar devolver a Tchutchuca o controle político da base de submarinos do Lago Paranoá e gerar incômodos externos ao senhor das longas e resistentes madeixas do STF, evitando que ele pise nos Estados Unidos.

Com muito mais o que fazer, preocupadíssimo com a possibilidade de ser proibido de pisar em solo republicano e com o X abaixo da Linha do Equador, Xandão está à beira de um ataque de nervos, pois seu sonho de democrata era, com a cabeleira colorida de azul, gritar: Ainda estou aqui. Antes de resilientemente prosseguir, a pergunta que não quer calar é simples: Fora Bolsonaro, que já se inscreveu para sentar praça no Exército norte-americano, quem é louco de visitar Tio Sam enquanto Papai Smurf estiver no comando da trupe? Talvez os “patriotas” raiz, aqueles que não conseguiram subir a rampa do Palácio do Planalto pela segunda vez.

Para quem não se lembra, são os mesmos que estimularam o quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023 e hoje pedem anistia para os pobres coitados e coitadas que levaram para o xilindró. Quebrou? Vandalizou? Sifu! Tem de pagar. Ponto final. No enredo dos desesperados, a sinopse mais óbvia é que Deus deixou de alumiar os que fungavam no cangote da democracia. O resultado é que, independentemente do assopro de Papai Smurf e de seu colaborador de coxia Gargamel, a chance foi ralo abaixo. Agora, basta um empurrãozinho para que se contentem com o fosso escuro que liga Bangu 1 a Bangu 8.

O três em um contra as leis, a ordem e o orgulho brasileiros não contavam com a astúcia do Chapolin de toga cor de cana dura. Papai Smurf, Gargamel e Tchutchuca precisam ser informados de que, conforme a Constituição, os ministros do Supremo Tribunal Federal assumem o cargo jurando seguir os princípios das relações internacionais, entre eles a autoderteminação dos povos, a não-intervenção e a igualdade entre os Estados. Além disso, a maioria dos membros do STF assina um termo pessoal que os impede de ter medo da cara feia de imbrocháveis e de chupadores de dedos alheios. Alguns menos votados preferem a subserviência e a bajulação explícita

Portanto, o triunvirato do mal errou o bote da serpente e deu com os burros n’água. Aliás, caso queira passar boas férias, sugiro a Xandão o calor do Rio de Janeiro, particularmente a quentura de Bangu, o vasto comércio de Madureira e a imensidão de Campo Grande, o maior bairro da América Latina. Quanto a Papai Smurf e Tchutchuca, os dois lembram muito meus cachorros da marca Fela…Eles atendem pelos nomes batismais de Cuca e Beludo e, mesmo distantes, andam e pensam com os mesmos neurônios. Chamar um só não resolve. O problema é a obrigação de chamá-los simultaneamente em público.

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*Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras