Os laços China-EUA caíram ao seu ponto mais baixo desde a normalização das relações em 1979, com problemas decorrentes das guerras comerciais e tecnológicas lançadas pelo governo Donald Trump em 2018. O cenário piorou no último dias, com as repetidas violações da Casa Branca de Joe Biden à política de Uma China, da qual faz parte Taiwan, considerada por Pequim uma “linha vermelha” de segurança que Washington nunca deve cruzar”, indicou neste domingo, 20, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi.
“Em resposta às recentes palavras e ações errôneas dos Estados Unidos sobre a questão de Taiwan e a tentativa de Washington de traçar uma linha nas relações sino-americanas, o presidente Xi Jinping expôs de forma abrangente e sistemática a origem da questão de Taiwan e a posição de princípios da China, claramente apontando que a questão de Taiwan está no centro dos interesses centrais da China e no centro das relações sino-americanas”, enfatizou Wang em uma declaração do Ministério das Relações Exteriores.
O governo chinês sublinhou que “a ‘independência de Taiwan’ é incompatível com a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan” e que “o povo chinês nunca concordará com quem quer separar Taiwan da China”. Wang alertou que a questão é a “fundação política e a principal linha vermelha que ninguém pode cruzar.”
Em suas últimas conversas com o presidente Joe Biden, o líder chinês Xi Jinping pediu a Washington que abandonasse sua abordagem de “jogo de soma zero” para a China e “estabelecesse um tom de diálogo em vez de confronto” e “aderisse ao respeito mútuo e à paz”, segundo Wang. Ele lembrou que Xi rebateu as críticas dos EUA sobre questões como democracia e direitos humanos, e informou a seus interlocutores americanos que “os Estados Unidos têm uma democracia de estilo americano e a China têm uma democracia de estilo chinês” e que ambos os países devem reconhecer e respeitar os “diferentes sistemas e caminhos” uns dos outros.
Os laços China-EUA, já abalados pelas guerras comerciais e tecnológicas de Donald Trump, atingiram novos mínimos sob o presidente Joe Biden em meio a suas repetidas promessas de “defender” Taiwan contra a “agressão chinesa” e graças ao aumento das vendas de armas dos EUA para a ilha rebelde. Em seu discurso no 20º Congresso do Partido Comunista Chinês no mês passado, o presidente Xi reiterou que a RPC está comprometida com a reunificação pacífica com Taipei, caracterizando a integração sob o modelo Um País, Dois Sistemas aplicado a Hong Kong e Macau como “a melhor maneira para realizar a unificação através do Estreito de Taiwan.”
Xi também alertou que “Taiwan é da China” e que Pequim “nunca se comprometeria a renunciar ao uso da força” para resolver a questão e impedir “a interferência de forças externas e os poucos separatistas que buscam a ‘independência de Taiwan’” de tentar permanentemente separar a ilha do continente.
Washington aumentou as tensões com a China sobre Taiwan nos últimos três meses, quando a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, visitou a ilha. Sua viagem abriu as portas para uma série de visitas à ilha de outros legisladores, senadores, governadores e outras autoridades, sendo a mais recente um dirigente da Comissão Federal de Comunicações (a agência dos EUA encarregada de censurar conteúdo indecente em transmissões).
A China criticou as visitas como uma violação dos termos dos acordos que consolidam as relações sino-americanas, que proíbem os contatos diplomáticos dos EUA com Taipei, e deu início a semanas de exercícios militares ao redor da ilha. Pequim também sancionou Pelosi, seus colegas e fabricantes de armas dos EUA, que enviam armas para Taiwan. A Casa Branca distanciou-se formalmente da visita de Pelosi, dizendo que “os militares acham que não é uma boa ideia agora”. No entanto, o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, defendeu a viagem, dizendo que “não era inédita” e “não ameaçava a China”.