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Yasmin faz limonada, mas Ana Paula chupa os limões

Otimista que nem ela só, Yasmin causava gastura na melhor amiga, que era o oposto de tanta certeza da felicidade. Mas amizade é para isso mesmo, pois não há defeito que as separe. Pior seria se fossem convergentes nas ideias, mas inimigas… Aí, até as maiores virtudes seriam vistas como imperfeições gravíssimas.

— Ana Paula, animada pro churrasco na casa do Juvenal?

— Ih, amiga, acho que nem vou.

— Mas por quê, mulher?

— Deve cair o maior temporal.

— Que nada! Vai dar praia até semana que vem.

— Ih, então, não vou.

— Mas por quê, mulher?

— Vou acabar pegando um câncer de pele.

— Ah, Ana Paula, só você pra ser tão baixo-astral. Mas deixa de besteira, que passo aqui à tarde pra irmos juntas.

Quando as duas chegaram à casa do Juvenal, a voz de Beth Carvalho já tomava conta do ambiente. Yasmin, toda sorrisos, carimbou a bochecha do anfitrião com o batom rosa fúcsia. Ana Paula, cujo bico não lhe dava trégua, olhava aquilo tudo cheia de tédio.

Juninho, famoso pelo samba nos pés, puxou Yasmin pelas mãos. E lá foi o casal de última hora dançar, cantar e gargalhar até que a garganta ficou sedenta por aquela cerveja. Os dois, cada qual com seu copo na mão, bebiam a gelada, quando a Ana Paula chamou a amiga no canto.

— Yasmin, vamos embora!

— Que embora que nada, mulher! A festa tá show!

— Só se for show de horrores, né?

— Ana Paula, hoje é sexta-feira, deixa a felicidade entrar.

— Hum! Pra que tanta felicidade, Yasmin?

— Mulher, se a vida me dá limões, trato logo de fazer uma limonada.

— Pois eu espremo tudinho nos olhos.

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