Não sou do tipo supersticioso que evita passar debaixo de escadas ou bater três vezes na madeira quando ouço mau agouro. No entanto, digo que o que aconteceu comigo por esses dias foi algo tão improvável, que cheguei a imaginar que anjos da guarda existem.
Tudo começou quando a Rosa, minha então namorada, me deu o fora através de uma mensagem de WhatsApp. Sei que o relacionamento não andava bem das pernas, mas tomar um fora daquela maneira mexeu com a minha autoestima. Não que, algum dia, ela tenha sido elevada a ponto de eu me considerar o último biscoito do pacote. Quiçá o farelo e olhe lá.
Para não tomar decisão precipitada e falar besteira, fui até a cozinha tomar um gole d’água. Minha mente estava tão desnorteada, que abri a geladeira e, sem pensar, peguei uma lata de cerveja em vez da garrafa de água. Só percebi o engano quando o líquido desceu garganta abaixo.
Comecei a digitar uma resposta para Rosa, quando, de repente, percebi que alguém, cujo número não constava dos meus contatos, havia me enviado uma mensagem. Continuei a escrever um texto enorme para a minha agora ex-namorada, quando, finalmente, a curiosidade me tomou de assalto. Abri a tal mensagem e percebi que era a fotografia de uma mulher linda.
Não fazia ideia de quem era aquela garota, mas ela me fez desistir de tentar qualquer reconciliação com a Rosa. Se foi ela que quis terminar, tudo bem. Era melhor tirar meu time de campo. Vida que segue.
Levei o resto do dia contemplando aquela fotografia. De tanto olhá-la, passamos de desconhecidos para amigos e, quando a noite chegou, já estávamos perdidamente apaixonados. Tanto é que, quando já era madrugada, mandei-lhe um oi. Não sei o que aconteceu, mas a minha amada não me respondeu e, ainda por cima, me bloqueou. Será que fiz alguma coisa de errado?