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Zé Mané gasta energia pela Coca e povo cobra os rótulos de Dilma e RR

Faz muito tempo que a publicidade não presta um desserviço à sociedade. Para contrapor uma mudança de hábito que faz sangrar os refrigerantes há mais de uma década, a Coca-Cola acha que um conceito família, tipo emocional, pode ter efeito positivo nas suas vendas.

A atual campanha do refrigerante líder mundial, em sua estratégia de comunicação, veicula comerciais em que famílias com ingredientes de conflito entre seus membros, finalizam encontros à mesa em total harmonia. Tem até criança adotada que dá lição de moral em pais adotivos.

Acontece que uma outra recente estratégia de marketing da companhia, que os responsáveis pelo setor energético brasileiro não perceberam, pode estar até agora contribuindo pelo desperdício de energia elétrica. É fácil observar. As embalagens trazem primeiros nomes de pessoas em seus rótulos: Fred, Rita, Paulo, Fernanda etc. E os consumidores do remédio refrigerante buscam nomes com os quais têm alguma afinidade.

O problema é que o tempo médio para uma pessoa abrir um refrigerador no ponto de venda e colher uma lata ou garrafa que era de 6 segundos, agora é de 25 a 40 porque o consumidor escolhe o nome estampado na embalagem e certamente não quer levar para casa o nome de um desafeto.

Parece bobagem. Mas um refrigerador aberto 30 segundos além da média, só porque cada fiel precisa girar as embalagens e ler quem são as pessoas que estão levando para casa, multiplicado por milhões de consumidores e multiplicado por milhões de refrigeradores espalhados pelo Brasil, depois multiplicados por 30 segundos, vão ter um impacto surpreendente no consumo de energia elétrica.

Estratégia energeticamente incorreta. O Brasil continua a ser um país que despreza detalhes, mas muitos são impactantes e a sociedade precisa reagir. Esse exemplo pode ser utilizado para uma analogia com o comportamento do governo distrital, que agora é de Brasília, mas que também talvez seja de Taguatinga, de Samambaia, de Planaltina… Acontece com qualquer hegemonia, seja comercial, seja conceitual, seja de poder.

O Governo do Distrito Federal – GDF, que é o que está estabelecido legalmente, deixa a impressão que tem um governador tipo Coca-Cola: tem um rótulo indefinido, vive na geladeira, quer convencer as famílias de que é bonzinho e torce pela harmonia familiar, mas transferiu o poder para estrategistas que estão queimando energia de forma equivocada.Não vai dar certo.

Como a Coca-Cola, os rótulos personalizados estão perdendo força, para o bem da geração nacional de energia elétrica. As usinas agradecem. O governo do Distrito Federal – GDF perde poder a cada dia com o discurso da herança maldita. Cristovam Buarque já passou por isso, fez escola, é testemunha de que se Rodrigo Rollemberg não mudar os rótulos, 2015 pode terminar mal.

O ideal é não personalizar, não depositar todas as embalagens em uma única sacola. Aliás, Rollemberg nem chegou a desenvolver mais de uma embalagem. E a que escolheu, por enquanto, ninguém pretende tirar da gôndola. E quem provou não aprovou.

Está passando da hora do governador de Brasília, como foi intitulado por seus estrategistas, além de assumir o comando de todas as cidades do quadrilátero do Distrito Federal, por um ponto final no consumo de energia. Da população, é claro.

Kleber Ferriche

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