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Zebra dá lugar a camelo e passeia ao som do tango

A Copa do Mundo do Catar precisou de três dias de bola rolando para conhecer a primeira grande zebra desta edição – aliás, uma das maiores da história da competição. Nesta terça-feira (22), a Arábia Saudita venceu a Argentina, do craque Lionel Messi, atual campeã sul-americana, por 2 x 1, de virada, no Estádio Lusail. O duelo foi o primeiro do Grupo C do Mundial, que ainda tem Polônia e México. Europeus e norte-americanos se enfrentam às 13h, no Estádio 974, na capital Doha.

Foi a primeira vez que os sauditas estrearam com vitória em Copas – nas cinco participações anteriores, foram quatro derrotas e um empate. A Argentina, por sua vez, não tropeçava na abertura de um Mundial desde 1990, quando perdeu de Camarões, por 1 x 0, na Itália. O resultado encerrou uma invencibilidade de 36 jogos oficiais da Argentina e impediu que a equipe igualasse a maior sequência sem derrotas do futebol de seleções. A marca segue com a Itália, que ficou 37 partidas sem perder de 2018 a 2021. A última derrota havia sido para o Brasil, por 2 x 0, no Mineirão, em Belo Horizonte, na semifinal da Copa América de 2019.

Apesar do revés, o jogo também foi histórico para Messi. Só por estar em campo, o craque se isolou como o argentino com mais Copas disputadas (cinco), além de igualar o ex-volante Javier Mascherano como segundo jogador do País com mais partidas em Mundiais (20), atrás somente de Maradona, que jogou 21 partidas. As seleções retornam a campo sábado (26), pela segunda rodada. Os sauditas jogam às 10h, contra a Polônia, no Estádio Cidade da Educação, em Al Rayyan. Às 16h, novamente no Lusail, a Argentina mede forças com o México.

Bastou um minuto de jogo para Messi dar o primeiro susto na defesa saudita. Uma batida chapada, no canto direito, da entrada da área, obrigou o goleiro Al-Owais a se esticar para evitar o gol argentino. Aos sete minutos, o árbitro eslovaco Slavko Vincic foi chamado ao VAR para analisar um possível puxão do lateral Yasser Al-Shahrani em De Paul, dentro da área. O pênalti foi assinalado e coube à Messi, aos oito, colocar os hermanos à frente.

Após a ducha de água fria com menos de dez minutos, a Arábia se arrumou em campo, subindo as linhas de marcação, apostando em uma linha de impedimento bem sincronizada para neutralizar o ataque rival. A estratégia, embora arriscada, funcionou. Aos 17, a arbitragem flagrou Lautaro Martínez impedido. Aos 21, foi a vez de Messi marcar, em posição irregular. E aos 26, novamente Lautaro Martínez foi pego pelo VAR. A sequência de impedimentos aumentou a ansiedade no time argentino, que errou mais passes que o normal e não deu mais sustos à meta saudita no primeiro tempo. Já os sauditas esbarraram na falta de criatividade e insistiram em bolas aéreas, sem dar trabalho ao goleiro Martínez.

No retorno do intervalo, começou a tragédia argentina. Aos 2, Messi perdeu a bola no meio e “deu” o contra-ataque aos asiáticos Al-Shehri recebeu do meia Feras, ganhou do zagueiro Cristian Romero e bateu no canto de Martínez, para empatar o jogo. Cinco minutos depois, na sobra de um chute pela direita que explodiu na zaga, Al-Dawsari dominou no lado esquerdo da área, cortou para dentro, driblou De Paul e mandou no ângulo. Virada no Lusail.

A partir daí, o jogo virou um ataque contra defesa, marcado pela péssima pontaria argentina. Aos 17 minutos, Al-Owais fez um milagre ao salvar um desvio do lateral Nicolás Tagliafico na pequena área, após chute do zagueiro Lisandro Martínez da marca do pênalti. Aos 38, o goleiro levou a melhor contra Messi e agarrou a cabeçada do astro, que estava na área, após cruzamento pela direita de Di Maria.

Aos 45 minutos, Júlian Álvarez teve a oportunidade mais clara dos argentinos, ao finalizar sem goleiro, dentro da área, após dividida entre Al-Owais e o zagueiro Otamendi. O chute foi salvo de cabeça, em cima da linha, pelo zagueiro Al-Amri. A partida terminaria aos 53, mas ganhou seis minutos a mais de acréscimos depois de um choque entre o goleiro saudita e Al-Shahrani, que caiu desacordado e teve de ser substituído. Os sul-americanos, porém, não aproveitaram o tempo extra e a zebra passeou de vez no Catar.

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