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Os ídolos

Zeca, Ben Jor, Ogum e o som sublime da paz com cerveja

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Autor/Imagem:
Paulus Bakokebas - Foto Divulgação

A cena é ilusionista, mesmo que cheirando a uma realidade como a presença de uma loira (gelada). Num boteco à beira da esquina, onde o samba encontra o swing e a vida parece fazer mais sentido, Zeca Pagodinho e Jorge Ben Jor se encontram para um papo regado a cerveja e à força espiritual de Ogum.

Eles se afastam da mesa simples, com as marcas do tempo e do brinde de tantos outros, e fazem pose pra uma sessão de fotos.

Zeca, com seu jeito descontraído e o copo, agora, distante da mão, abre uma conversa:

— Jorge, meu camarada, você já reparou como Ogum tá sempre do nosso lado? O guerreiro não desiste da gente, tá sempre na linha de frente.

Jorge, com aquele sorriso que é quase um acorde, responde sem pestanejar:

— É verdade, Zeca. Ogum é força e caminho. Ele é o fio de esperança que corta a mata e nos mostra que a gente pode seguir adiante. É o guerreiro valente, que cuida da gente, mas também o mensageiro da paz.

O boteco logo ao lado, ainda que cheio, parece silenciar para ouvir. O tilintar dos copos vira trilha sonora, e as palavras desses dois mestres ganham um tom quase sagrado.

— Sabe, Jorge, eu sempre penso: a cerveja aqui no copo é boa, mas a proteção de Ogum é melhor ainda. Ele cuida da gente como um pai cuida dos filhos — comenta Zeca, com um olhar quase filosófico.

— E não é só proteção, Zeca. É inspiração também. Ogum é ritmo, é batida. Ele tá nos tambores do samba e na guitarra elétrica do meu balanço. Quando a gente canta, é ele que ajuda a afiar as palavras, como se fossem lâminas de luz — completa Jorge, fazendo um gesto no ar, como quem toca uma nota invisível.

Os dois brindam, sem o alcance da câmera fotográfica, mas nota-se que os copos de cerveja refletem a luz do fim de tarde. É como se Ogum estivesse ali, sentado na mesa ao lado, sorrindo, satisfeito com a conversa de seus filhos.

— E você já reparou, Jorge, que quando a gente fala de paz, Ogum escuta? Ele sabe que a guerra dele não é contra as pessoas, mas contra as injustiças, contra as dores que o mundo insiste em trazer. Ele é o mensageiro que lembra que a luta é pela vida — Zeca observa, com um tom mais sério.

— É isso, Zeca. E é por isso que a gente canta. Pra lembrar que, mesmo na batalha, a gente pode dançar. Que mesmo na guerra, a gente pode sorrir. Porque quem tem Ogum no coração sabe que a vitória vem no tempo certo — conclui Jorge, erguendo o copo para mais um brinde.

O sol se despede no horizonte, enquanto Zeca e Jorge seguem conversando enquanto caminham de volta para a mesa. A cerveja continua gelada, o papo quente, e o espírito de Ogum, sempre presente, abençoa a roda com coragem, paz e melodia.

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